Não basta ter boas intenções

Um dito popular muito curioso diz: “de boas intenções o inferno está cheio”. Para alguns, esta frase parece absurda, mas, de certa forma, é uma verdade. Se matutar bem, verá que realmente as pessoas sempre dizem que querem a paz, o bem comum, ver os outros felizes, um mundo melhor para todos, e bla bla bla. E não precisa ser nenhum gênio para saber que a maioria fica mesmo só no intento, poucos são os que fazem acontecer. Uma verdade absoluta ou não, o fato é que esse ditado nos alerta para as incongruências entre o nosso falar (ou intenção) e o nosso agir. (Tg 3,11-12)

Há também casos em que mesmo bem intencionados acabamos não fazendo algo certo. Quantos de nós já não passaram por isso, não é mesmo? Um caso típico é quando tentamos ajudar o amigo que está com problemas e, no final, só atrapalhamos porque não temos os meios para solucioná-lo. Outro exemplo clássico é falar algo fora de hora. Esse último costuma causar um verdadeiro efeito dominó. Basta uma palavra mal colocada, mesmo com boas intenções, e pronto, o circo está armado. Até você explicar o sentido da palavra que foi mal entendida, a confusão já vai ter tomado proporções grandiosas (dependendo, é claro, da personalidade dos envolvidos).

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Na fé acontece a mesma coisa. As igrejas estão cheias de fiéis que têm o desejo de mudar o mundo, mas não colaboram tanto assim para isso acontecer. (Tg 2,14-26 ; 4,17) Há ainda os que tentam fazer da maneira incorreta. Podemos citar, por exemplo, aqueles que colocam músicas ou pregações com sons altíssimos, sem respeitar o direito do outro. (Rm 12,18 ; 14,19 ; 15,1-7) Sem contar que são muitos os que acreditam na mudança do mundo apenas pregando, esquecendo de colocar em prática o que fala. (Is 1,11-18 ; 29,13) Ora, Jesus não viveu apenas de intenções. O Senhor nos deu um ensinamento concreto, com poucos falatórios e muitos exemplos. (Mt 7, 21-27 ; Mt 25,1-13 ; 25,31-46)

Mesmo parecendo radical, esse dito popular é bem proveitoso para pensarmos se estamos apenas no campo das intenções. É como fazer vestibular: você tem a intenção de passar, mas se não estudar o suficiente as matérias e o estilo da prova que fará, seu propósito tem grandes chances de não dar certo. Ponderar é, talvez, a receita para unificar o intento com a realização. Sem esquecer, porém, que nem tudo que desejamos é o melhor a ser feito.


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