Um profeta estimado na sua pátria



 “E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, a não ser na sua pátria e na sua casa.” (Mt 13,57 ; Jo 4,44 ; Mc 6,4) Este versículo, tão conhecido por cristãos e não-cristãos do “mundo inteiro”, é uma crítica incisiva muito séria ao nosso desprezo para com a palavra de Deus que é transmitida por alguém próximo a nós. E o mais incrível é que, mesmo tendo o conhecimento disso, acabamos repetindo essa história. Alguém de nossa Igreja fala repetidas vezes sobre um aspecto da palavra do Senhor e sua reflexão “entra por um ouvido e sai pelo”. Depois vem o padre, ou pastor, faz basicamente a mesma pregação e dizemos: “— Que belas palavras! Esse homem é ungido mesmo!”. Aí pergunto eu: se os dois conteúdos foram iguais porque só a do líder instituído é considerada como enviada por Deus e a outra não?
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Há também casos em que escolhemos quem é ou deixa de ser um arauto do Senhor. Observe, e é uma situação muito comum, que costumamos buscar escutar a pregação de fulano de tal que nos faz sentir mais perto de Deus e rasgamos elogios para esta pessoa; já outras, por outro lado,  sequer nos damos ao trabalho de escutar. Ora, se não paramos para ouvir, como a Palavra Deus poderá entrar em nossos corações e frutificar nossas vidas? (Jo 12,35-50) Será que os mais próximos de nós também não são instrumentos do Senhor? 

É verdade que existem pessoas com o dom da oratória e, portanto, acabam nos envolvendo com uma pregação dinâmica e que nos leva de fato ao Senhor. Por outro lado, não podemos simplesmente ignorar a palavra de Deus transmitida por um irmão pelo fato dele não se expressar bem e/ou não ter uma boa dinâmica como pregador. Todos nós somos convidados a ser arautos do Senhor, essa não é uma tarefa apenas para os que sabem utilizar bem as palavras. E, na minha concepção, deixar de ouvir o que alguém próximo a você prega é  negar-se a escutar o próprio Cristo. (Lc 10,16) 
  
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Aliás, pior que querer escutar apenas os que falam do Senhor da maneira que mais lhe agrada, é não querer dar atenção ao sermão daquele irmão com quem temos algum desafeto. Nesse caso, existem dois problemas: a discórdia com seu semelhante (especialmente o da mesma Igreja) e a negação da escuta da palavra de Deus. Como é possível que uma contenda com alguém possa ser maior que a necessidade de ouvir o Senhor através dessa pessoa? Jesus nos ensinou que mesmo quando o pregador não é praticante das próprias palavras, devemos ouvi-lo sem, é claro, fazer o mesmo que ele. Veja: “Jesus falou às multidões e aos seus discípulos: os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam.(Mt 23,1-3)

Em todas essas situações você já se perguntou se realmente anda em busca da palavra de pregadores ou a da de Deus? Se ainda não, é bom começar a refletir sobre tal questão e lembrar que o mais importante não é quem transmite o que o Senhor manda, mas sim o que é transmitido. Quem prega é mero instrumento, apenas um interlocutor. O modo como se prega, é verdade, que varia de acordo com cada pessoa. Porém, é a mesma boa nova que é pregada.
Portanto, seja pelos motivos citados ou por outros, não ignore a palavra do Senhor. Escute de bom grado, independente do pregador. Atenha-se ao que importa. Eram os fariseus que não queriam ouvir Jesus porque sua pregação ia de contra aos interesses individuais deles. Por conta disso, aqueles homens perderam a oportunidade de comungar das palavras do Filho do Homem. Não deixe a graça passar pela sua vida também. Ela pode vir através de seu pai, mãe, irmãos, amigos, namorado (a), noivo (a), esposo (a), inimigos, um desconhecido, etc. De modo especial, estime e faça uso das palavras dos profetas mais próximos de você, eles têm muito a oferecer.

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Quando um “amigo” atrapalha seu relacionamento amoroso


Quem nunca teve problemas com seu namorado(a), noivo (a), esposo(a) por conta de uma amizade? Acho que a maioria já passou por essa situação. Muitas vezes, são desentendimentos causados por mal entendidos, outras vezes são por motivos realmente sérios. Seja por um motivo banal ou não, a verdade é que isso pode acabar com seu relacionamento amoroso. Eu disse pode! Essa possibilidade irá se concretizar caso o casal não se resolva e, para isso acontecer, é preciso ter paciência, compreensão e sacrifícios.

Ciúmes, está aí o principal pivô de desentendimentos por conta de um amigo (a). Ele nasce quando não aceitamos os gestos carinhosos com o nosso amigo(a) como abraços, beijos, cartas, mensagens, conversas, ligações, etc. É claro que tais gestos não configuram traição nem, muito menos, um sentimento além de amizade. Mas, o exagero, a intensidade e a assiduidade deles é o que incomoda, normalmente, o nosso (a) companheiro (a). Portanto, é recomendável uma moderação nesses gestos. Afinal, sendo você uma pessoa com um compromisso amoroso deve manter uma postura diferente da de um solteiro. Logo, algumas deverão ser evitadas.

Outra vilã de brigas entre casais é aquela conversa com o amigo (a) que acaba interferindo, sutilmente (indiretas, ou o famoso “comendo pelos cantos”) ou não, no nosso relacionamento. Concordo que um amigo deve nos ajudar e que ele só quer o nosso bem. Entretanto, o casal deve ter sua privacidade em algumas coisas. Além disso, nem tudo que um amigo fala ou recomenda é, de fato, o melhor a ser feito — considere a humanidade dele(a). Especialmente as mulheres, têm o costume de dizer, ou mesmo ditar, quem a sua amiga deve ou não relacionar-se. Se ela gosta do homem, é o certo; se não gosta, “coloca terra”.  Nesses casos,  quando a menina assume o risco de namorar e o garoto fizer algo  de errado, a amiga logo o condena sem, ao menos, saber o que de fato aconteceu.
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Bem, não acredito que isso seja amizade. Um amigo não interfere no seu relacionamento. Ele pode, se você pede a opinião dele sobre o assunto, dizer o que ele acha mas sempre recomendando o seu bem. Se, acaso, esse amigo (a) insiste demais em falar sobre seu relacionamento (seja com conversa ou mandando mensagens com indiretas, ou mesmo vídeos e músicas de crises amorosas), acredite: ESSA PESSOA NÃO É SEU AMIGO (A). É ALGUÉM COM SEGUNDAS INTENÇÕES EM VOCÊ. A primeira recomendação de um verdadeiro amigo quando você passa por dificuldades no seu relacionamento é que você se reconcilie e ajudá-lo a reconciliar-se.

Observe se essa(e) amiga(o) pergunta sobre como está o seu relacionamento, se convida você para sair mas não diz para convidar sua/seu  companheira(ao), insiste dizer que não entende os motivos de você está junto com a pessoa amada. Se essa(e) amiga(o) faz uma dessas coisas ou outras quem nem ouso mencionar (de tão graves que são), então há algum tipo de interesse além da amizade. Aí cabe a você cortar relações com essa pessoa, caso queira realmente manter seu relacionamento.

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Uma questão bem complicada que gera conflitos entre os casais é a decisão de manter contato com um amigo(a) que nutre outro sentimento por você. Nesse caso, acho que a melhor decisão é falar apenas o indispensável. Digo isso porque, de uma forma ou de outra, essa pessoa vai interferir no seu relacionamento. Especialmente quando esse sentimento está a mostra, escancarado para qualquer um. Não faz sentido insistir em considerar essa pessoa sua amiga se ela quer mais que isso. Lembre-se que todo relacionamento (interpessoal ou não) só é possível a partir de uma reciprocidade. Se um não quer ser amigo, logo não existe o vínculo de amizade. Pode até existir de sua parte, mas não configura um relacionamento. Essa questão torna-se mais complexa quando a sua/seu companheira(o)  sabe. Então, porque manter algo que só vai atrapalhar seu relacionamento?

Mesmo levantando essa questão da interferência de uma amizade no nosso namoro, noivado ou casamento, nada tem o poder de destruir seu relacionamento se você não o der. O fim só acontecerá caso os dois permitam que aconteça. Para evitar esse e outros problemas, o segredo é sempre diálogo e compreensão. O orgulho sempre nos separa e nos impede de ceder ao outro. Aí entra em jogo o velho um cede de um lado e o outro cede do outro. Só se constrói algumas coisas, abrindo mão de outras. Quando nos relacionamos amorosamente com alguém temos que ter a consciência de que não podemos levar mais aquela vida de solteiros. E, portanto, assumimos alguns riscos e responsabilidades. No mais, ame e viva intensamente sem deixar que as pedras (que serão constantes em todas as etapas da vida a dois) do caminho atrapalhem seu relacionamento.
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A primeira impressão é a que fica?

 Emitir juízo de valor sobre uma pessoa sem, ao menos, conhecê-la é, certamente, algo que todos nós já fizemos. Não tem jeito, basta olhar demoradamente para alguém que logo começamos a elaborar nosso preconceito (no sentido mais lídimo da palavra) acerca do outro, quer seja uma definição boa ou não. Alguns de nós até têm o cuidado de não compartilhar a predefinição, mas outras, por outro lado, fazem questão de “gritar aos quatro cantos do mundo”. São poucos os que procuram primeiro conhecer para saber quem de fato é o outro e, só então, conceituá-lo. Aliás, me pergunto, até que ponto temos o direito de conceituar os outros?

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Como desculpa para julgarmos o outro, ainda usamos a famosa frase: “a primeira impressão é a que fica”. Pode até ser que fique, mas, a meu ver, não deveria. Ora, nem todos são o que parecem ser, como fala o dito popular “não se julga um livro pela capa”. Quem já não ouviu uma pessoa dizer que o achava chato e, quando o conheceu, descobriu que você não o era? O engraçado — se é que existe algo de engraçado nisso — é que pré-avaliamos os outros, mas ficamos irritados quando alguém nos julga ser o que não o somos, não é mesmo?
Compreendo que às vezes não conseguimos controlar nossos pensamentos e acabamos formulando uma ideia prévia do outro, sem o conhecer de fato. Porém, não temos motivo nem o direito de propagar essa predefinição. É recomendável que procuremos ter contato, antes de qualquer coisa. Porque corremos o risco de colocar pele de cordeiro em lobo ou vice-versa. Pois, como diz outro provérbio: “quem vê cara, não vê coração”. Inúmeras vezes, fazer um conceito antecipado a respeito das pessoas nos priva de conhecê-las verdadeiramente.
Uma ótima ferramenta para não conceituar antecipadamente as pessoas foi dada pelo Senhor Jesus: “E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também.” (Lc 6,31) Portanto, se você não quer que emitam juízo de valor sobre sua pessoa sem conhecê-lo (ou mesmo conhecendo), assim não o faça também. Cristo nos adverte que seremos medidos com a mesma medida que usarmos para medir ou outros. (Lc 6,38)
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Não basta ter boas intenções

Um dito popular muito curioso diz: “de boas intenções o inferno está cheio”. Para alguns, esta frase parece absurda, mas, de certa forma, é uma verdade. Se matutar bem, verá que realmente as pessoas sempre dizem que querem a paz, o bem comum, ver os outros felizes, um mundo melhor para todos, e bla bla bla. E não precisa ser nenhum gênio para saber que a maioria fica mesmo só no intento, poucos são os que fazem acontecer. Uma verdade absoluta ou não, o fato é que esse ditado nos alerta para as incongruências entre o nosso falar (ou intenção) e o nosso agir. (Tg 3,11-12)

Há também casos em que mesmo bem intencionados acabamos não fazendo algo certo. Quantos de nós já não passaram por isso, não é mesmo? Um caso típico é quando tentamos ajudar o amigo que está com problemas e, no final, só atrapalhamos porque não temos os meios para solucioná-lo. Outro exemplo clássico é falar algo fora de hora. Esse último costuma causar um verdadeiro efeito dominó. Basta uma palavra mal colocada, mesmo com boas intenções, e pronto, o circo está armado. Até você explicar o sentido da palavra que foi mal entendida, a confusão já vai ter tomado proporções grandiosas (dependendo, é claro, da personalidade dos envolvidos).

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Na fé acontece a mesma coisa. As igrejas estão cheias de fiéis que têm o desejo de mudar o mundo, mas não colaboram tanto assim para isso acontecer. (Tg 2,14-26 ; 4,17) Há ainda os que tentam fazer da maneira incorreta. Podemos citar, por exemplo, aqueles que colocam músicas ou pregações com sons altíssimos, sem respeitar o direito do outro. (Rm 12,18 ; 14,19 ; 15,1-7) Sem contar que são muitos os que acreditam na mudança do mundo apenas pregando, esquecendo de colocar em prática o que fala. (Is 1,11-18 ; 29,13) Ora, Jesus não viveu apenas de intenções. O Senhor nos deu um ensinamento concreto, com poucos falatórios e muitos exemplos. (Mt 7, 21-27 ; Mt 25,1-13 ; 25,31-46)

Mesmo parecendo radical, esse dito popular é bem proveitoso para pensarmos se estamos apenas no campo das intenções. É como fazer vestibular: você tem a intenção de passar, mas se não estudar o suficiente as matérias e o estilo da prova que fará, seu propósito tem grandes chances de não dar certo. Ponderar é, talvez, a receita para unificar o intento com a realização. Sem esquecer, porém, que nem tudo que desejamos é o melhor a ser feito.

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Viver "tudo" que há para viver



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Caminhar pela praia, olhar as estrelas, contemplar a lua, bater um papo com os amigos numa praça, conversar com os avós, beijar os pais, dizer eu te amo para os seus entes queridos, abraçar demoradamente quem você ama, escutar um música, etc. Todas essas opções de atitudes simplistas e que nos fazem tão bem são, por diversas vezes, desprezadas por nós. Geralmente, achamos que aproveitar a vida se resume a ir para shows, bebedeiras, consumir produtos, extravasar, etc. Dosar entre as várias opções de atividades (pacatas, frenéticas e/ou agitadas) seria o ideal para viver bem cada dia.

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Ressalto a importância desses momentos mais singelos porque, normalmente, são neles que mais temos a oportunidade de refletir e valorizar o que temos ao redor. Observe, por exemplo, os bate-papos com os amigos em uma praça ou em casa. Perceba que falamos de coisas sérias (nossas vidas), brincamos, às vezes comemos e, quando nos despedimos, sentimos um contentamento grandioso dentro de nós. Observe também que o tempo passa que nem percebemos, de tão grande que é o bem-estar sentido.
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É comum nós só prestarmos atenção na importância desses momentos simples quando estamos passando por dificuldades. Como diz o filósofo Platão: “Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida.” Afinal, assim como a vida não é feita só de atividades pacatas, ela também não é constituída exclusivamente de ocasiões festivas. Deixar de vivenciar qualquer uma dessas opções de aproveitamento da vida é, a meu ver, um erro. “Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida”, escreveu o filósofo Sêneca.



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Eu não sou de ninguém e ninguém me pertence



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É incrível, meus caros, como o sentimento de pertença tem tomado conta das pessoas hoje em dia. Basta uma olhada para o lado, ou para dentro de nossas relações interpessoais, que nos depararemos com situações em que alguém acha que o outro tem que satisfazer suas vontades. É um amigo que tem ciúmes do outro, quando ele divide sua atenção com outras pessoas, uma namorada que não quer ver ser amado falando ou tendo amizade com outras meninas, um pai (ou mãe) que superprotege seu filho, privando-o de algumas situações poderiam ajudá-lo a crescer, etc. As justificativas dadas são geralmente a mesma: “— estou fazendo o melhor meu, ou minha, filho (a), namorado (a), amigo (a)”. (1Jo 4,18 ; 1Cor 13,1-13)
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Nós não pertencemos a ninguém, senão a Deus. (1Cor3,23 ; Is 43,1 ; Lv 26,12 ) Do mesmo modo, ninguém nos pertence. Quando nos unimos, no caso das relações amorosas, o fazemos para somar. O nosso cônjuge, noivo ou namorado é alguém com quem contamos para dividir as alegrias, as tristezas e com ele lutar. Portanto, o outro continua tendo vontades, planos, anseios, enfim, identidade. Sendo duas identidades, deve entrar em jogo o bom e velho diálogo. É por meio dele que os dois irão unir os planos (tornando-os um só) e acertar o que é ou não agradável e saudável para o relacionamento. É bom lembrar, entretanto, que os dois terão que se revezar no cedimento: um cede em uma coisa, outro cede em outra, e vice-versa. (Mc 10,8 ; Ef 5,22-33)

Advirto, porém, que os dois têm que ter bom senso tanto para ceder quanto para pedir que o outro ceda. Do contrário, o risco de um querer impor sua vontade sobre o outro é muito grande. Exemplo: conversar com um ex. Deve-se ponderar se a pessoa é seu amigo (a) ou se tem outras intenções, o nível das conversas (a intimidade, a libertinagem), os cumprimentos, etc. Depois de pesar cada item, aí sim se decide se isso vai ou não, de alguma forma, interferir na relação de vocês. Parece uma chatice, mas esses pormenores são muito importantes e ajudarão no crescimento do relacionamento. Porque, no geral, essas pequenas coisas vão passando, acumulando e, quando nos damos conta, estamos em crise.

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No que diz respeito às amizades, no entanto, algumas coisas do relacionamento amoroso não se aplicam. Entre elas, a questão do relacionar-se com outras pessoas. Afinal, diferentemente de namorar, que só podemos com uma pessoa, nós podemos ter quantos amigos quisermos. Você não pode impedir seu amigo de ter outros, achando que ele é exclusivo seu. Nem, muito menos, ditar com quem ele vai namorar — o que é muito comum entre as mulheres. É claro que devemos orientá-los, mas não caia na tentação de guiar na escolha de acordo com os seus gostos. Lembre-se de que é a felicidade do outro que está em jogo e, muitas vezes, o que é bom para você não é bom para ele. Portanto, oriente com isenção, embora pareça difícil. (1Jo 4,18 )

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Por fim, gostaria de lembrar das ações de Jesus Cristo. Olhando atentamente os evangelhos, iremos notar que Ele nunca impôs sua vontade sobre ninguém. Perceba que o Senhor sempre convidava seus discípulos ou ouvintes a uma atitude, a partir de uma reflexão. Era nessas reflexões que Cristo mostrava, sem nada omitir, porque deveriam seguir o caminho de Deus e quais as consequências do seguimento. (Mc 8,34-35 ; Mt 8,19-20) Veja que Deus poderia muito bem nos obrigar a fazer o que Ele quer, mas não o faz. O Senhor prefere que nos acheguemos até Ele por conta própria. (Jr21,8 ; Dt 30,19-20) Se Deus nos deixa a vontade para escolhermos, quem somos nós para obrigar o outro a fazer o que queremos? (1Cor13,1-13)

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O passado já passou




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Todos nós somos suscetíveis ao erro, não há novidade nenhuma nisso. Entretanto, parece que agimos como se só o outro o fosse. Digo isso, porque insistimos em enfatizar o que o próximo faz de errado. E mais que isso, mesmo quando o irmão já se redimiu e não vive mais a realidade do pecado, continuamos a relembrar o seu passado. (Lc 6,43-49)Tal atitude, além de ser uma tolice, é uma ação que vai contra os ensinamentos de Cristo. Logo, tal comportamento não condiz com a espiritualidade do ser cristão. (Lc 17,1-4 ; Tg 1,26 ; Mc 2,17)

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Jesus nunca quis saber do passado de ninguém. Ele nunca se interessou pelo que os que o procuravam tinham. Pelo contrário, curava-os (físico e espiritualmente) e dizia-lhes para que fossem e não mais pecassem. (Jo 8,1-11 ; ) Aqueles que decidiam segui-lo nunca escutaram o Senhor falando de seus erros às outras pessoas e nem à eles mesmos. Quando ressuscitou, por exemplo, Jesus não foi dando sermão nos apóstolos porque eles o haviam abandonado e nem “passou na cara deles” o que Ele havia feito nas suas vidas e eles o haviam largado para morrer na cruz. Inversamente, Cristo desejou-lhes a paz (porque sabia que estavam se sentindo inseguros e perdidos, sem Ele) e enviou-lhes para a missão. (Lc 24,36-51 ; Jo 20,19-31)

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Muitos de nós, por outro lado, costumamos apontar os passos errantes do outro. Numa atitude, inclusive, de incredulidade. Incredulidade, sim! Porque deixamos de acreditar na mudança de vida do irmão, esquecendo, inclusive, de que nós também podemos errar. (Rm 14,7-13 ; Mt 7,1-5 ; Jo 7,24) Recordo-me de da conversão de Paulo (antes Saulo de Tarso), que era um perseguidor da Igreja temido por todos os cristãos. Depois de conhecer o Senhor e querer dedicar sua vida a Deus, Paulo foi alvo de severos comentários desconfiados. Os cristãos custaram a acreditar que ele havia, de fato, se convertido. E veja em que Paulo se transformou: o responsável por expandir a Igreja no mundo. (At 9,10-29)

Paulo, pela graça de Deus, não desistiu mesmo em meio às desconfianças e julgamentos dos outros cristãos. Mas nem todos os recém-convertidos são iguais a ele. Quando entramos na Igreja o que queremos é ser bem acolhidos. Geralmente, buscamos o amor de Deus que não encontramos no mundo, buscamos um amor de pai, de mãe, de irmãos... Se a casa de Deus não for o lugar onde somos bem recebidos, me pergunto aonde seremos? Cristo Jesus chamou doze pecadores para serem seus apóstolos e depositou confiança neles. Foi por conta disso que eles renderam frutos ao Reino de Deus: sentiram-se acolhidos e confiáveis.
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Não estou, com essa reflexão, dizendo que temos de ser coniventes com o pecado. De forma alguma! Precisamos é sermos acolhedores no ato de corrigir o irmão. (Cl 4,6 ; Dt 22,4 ; 2 Tm 2,24-26) Não é simplesmente o ato de apontar, temos que indicar o caminho que ele deve seguir para não errar mais. Não interessa o que o outro fez, o mais importante é o que ele pode fazer pelo Reino de Deus. Não acreditar que o outro possa mudar, é o mesmo que não crer que você mesmo tenha mudado, afinal, não existe diferença entre você e o seu irmão. Somos filhos do mesmo Pai e todos já andamos errantes e poderemos voltar a errar a qualquer momento. (Cl 3,12-17)
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"A medida do amor é amar sem medida." Victor Hugo


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Um sentimento que muitos já tentaram descrever, mas que nunca se chegou a um senso do que vem a ser. Muitos foram os que ousaram dizer que amavam, outros, por outro lado, preferem não falar por medo. E há ainda quem esperou bastante para dizer a alguém especial (seja qual for o tipo de amor). Particularmente, creio que só se deva dizer eu te amo, se verdadeiramente você ama a pessoa para quem pronuncia estas palavras. Afinal, é difícil ter certeza de que o sentimento por uma pessoa que conhece há pouco é amor— embora não seja impossível.

Diferente da paixão, que vem e passa, o amar acaba nos levando ao encontro definitivo com o outro. Outra peculiaridade do amor é justamente, o que diz Benjamin Constant“Todo sentimento precisa de um passado pra existir. O amor não, ele cria como por encanto um passado que nos cerca. Ele nos dá a consciência de havermos vivido anos a fio com alguém que a pouco era quase um estranho. Ele supre a falta de lembranças por uma espécie de mágica..."
Amor, ao meu ver, é entrega. E por isso o apóstolo Paulo acaba dizendo em 1Cor 13,7:  “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”  Foi assim que Jesus Cristo fez por cada um de nós: se entregou. Do mesmo modo, em nossos relacionamentos amorosos, é preciso ter a entrega para que o amor possa, de fato, florescer e dar frutos. Uma vez que não fazemos o sacrifício pelo outro, estamos arriscando perdê-lo e a chance de ser feliz verdadeiramente. Em sua primeira Encíclica, Deus Caritas Est, o Papa Bento XVI diz que “entre o amor e o Divino existe qualquer relação: o amor promete infinito, eternidade — uma realidade maior e totalmente diferente do dia-a-dia da nossa existência. E o segundo é que o caminho para tal meta não consiste em deixar-se simplesmente subjugar pelo instinto. São necessárias purificações e amadurecimentos, que passam também pela estrada da renúncia.

Costumo falar que amor só não basta, é preciso mais que isso. Afinal, quantos casais que se amam não acabaram separados? São vários os desencontros dessa vida, como dizia Vinícius de Moraes, e para evitar que o ser amado se aparte de nós, é preciso amar sem medidas. Para Renato Russo, amar é uma necessidade: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar na verdade não há.”

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Por fim, e não menos importante, amar é querer que o outro seja feliz. Querer a sua própria felicidade não é amor. Não se casa para ser feliz, casamos para fazer o outro feliz. E, do mesmo modo, temos de tomar cuidado para não achar que possessão é amor. Ninguém é posse de ninguém. Estar juntos, embora o amor dê a impressão de pertença ao outro, não é ter poder sobre o outro. 

Gostaria de deixar parte de “Os três mal-amados”, do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, que traduz a profundidade de quem verdadeiramente ama, salvo das hipérboles:

Joaquim:
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés.  Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


As falas do personagem Joaquim foram extraídas da poesia "Os Três Mal-Amados", constante do livro "João Cabral de Melo Neto - Obras Completas",Editora Nova Aguilar S.A. - Rio de Janeiro, 1994, pág.59.
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Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira


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Quando falamos de fidelidade, logo nos vem à mente um compromisso com amigos, cônjuge, namorado, religião, trabalho, etc. Poucos são os que empregam esta palavra para designar um vínculo com algum valor que faça parte de nossa identidade e, que logo, vai reverberar nos nossos relacionamentos humanos. Não paramos para pensar que temos de ser fiéis, em primeiro lugar, com nós mesmos para que sejamos leais também com os que nos cercam. Quando não conseguimos sequer ser verdadeiros com nós mesmos, as chances de nos mantermos íntegros com os outros diminui consideravelmente. Eu disse diminui, não falei que é impossível.

“Fiz questão de esquecer que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira”, diz o poeta Renato Russo, na canção Quase sem querer. Se pararmos para pensar, grande parte das pessoas vivem esse trecho da canção. Nós simplesmente acabamos mentindo para nós com medo do nosso próprio eu, fugindo de nossas imperfeições ou de alguns sentimentos. Escondemo-nos! Sufocamos, principalmente, os sentimentos que acabam passando para os outros a ideia de fraqueza. Afinal, só os fortes sobrevivem, dizemo-nos. Negamos que temos qualquer problema, que precisamos de ajuda, etc.
Veja o que diz o filósofo existencialista Jean-PaulSartre:
 “Sem dúvida, definimos a mentira ideal, e sem dúvida comumente o mentiroso é mais ou menos vítima de sua mentira, ficando meio persuadido por ela: mas essas formas correntes e vulgares da mentira são também adulteradas, intermediárias entre mentira e má-fé. A mentira é conduta de transcendência. [...] Pela mentira, a consciência afirma existir por natureza como oculta ao outro, utiliza em proveito próprio a dualidade ontológica do eu e do eu do outro. Não pode dar-se o mesmo no caso da má-fé, se esta, como dissemos, é mentir a si mesmo. Por certo, para quem pratica a má-fé, trata-se de mascarar uma verdade desagradável ou apresentar como verdade um erro agradável. A má-fé tem na aparência, portanto, a estrutura da mentira. Só que - e isso muda tudo - na má-fé eu mesmo escondo a verdade de mim mesmo. Assim, não existe neste caso a dualidade do enganador e do enganado. A má-fé implica por essência, ao contrário, a unidade de uma consciência.”
(“Má-Fé e Mentira.” In: O Ser e o Nada - Ensaio de Ontologia Fenomenológica, por Jean-Paul SARTRE, tradução: Paulo Perdigão, 92-101. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.)

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Ser fiel consigo mesmo é um grande passo para o crescimento porque você terá consciência de suas limitações, bem como de  suas virtudes. Uma vez que você se reconhece como é e o que sente, poderá então tomar decisões mais acertadas. É como deixar de andar com os olhos vendados: você está vendo para onde está caminhando e escolherá qual a melhor direção a ser seguida. Além disso, não sentirá mais aquele remorso de quem está fazendo algo errado (que se sente quando fazemos alguma coisa querendo outra). Ser leal com você mesmo não vai te tornar perfeito nem te dará uma vida sem dores, mas a sensação de conhecer-se e não se negar vai trazer mais felicidade do que mentir para si mesmo.

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Mesmo


Mesmo que não me respeitem,
Eu respeitarei;
Se não me tratam bem,
Bem os tratarei;
Se roubarem.
Honesto serei;
Se a violência propagam,
Aonde for, a paz levarei;
Se os livros rejeitam,
Os que eu puder, lerei;
Se drogas consomem,
Eu as evitarei;
Se sonhar não querem,
De sonhos viverei;
Se a Deus não busca,
Busco e sempre buscarei;
Se suas vidas banalizam,
Pelas nossas zelarei;
Se para o bem comum não vivem,
Por esses, assim viverei
E tentarei
Fazer com que assim vivam.


11/07/2001
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