Eu não sou de ninguém e ninguém me pertence



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É incrível, meus caros, como o sentimento de pertença tem tomado conta das pessoas hoje em dia. Basta uma olhada para o lado, ou para dentro de nossas relações interpessoais, que nos depararemos com situações em que alguém acha que o outro tem que satisfazer suas vontades. É um amigo que tem ciúmes do outro, quando ele divide sua atenção com outras pessoas, uma namorada que não quer ver ser amado falando ou tendo amizade com outras meninas, um pai (ou mãe) que superprotege seu filho, privando-o de algumas situações poderiam ajudá-lo a crescer, etc. As justificativas dadas são geralmente a mesma: “— estou fazendo o melhor meu, ou minha, filho (a), namorado (a), amigo (a)”. (1Jo 4,18 ; 1Cor 13,1-13)
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Nós não pertencemos a ninguém, senão a Deus. (1Cor3,23 ; Is 43,1 ; Lv 26,12 ) Do mesmo modo, ninguém nos pertence. Quando nos unimos, no caso das relações amorosas, o fazemos para somar. O nosso cônjuge, noivo ou namorado é alguém com quem contamos para dividir as alegrias, as tristezas e com ele lutar. Portanto, o outro continua tendo vontades, planos, anseios, enfim, identidade. Sendo duas identidades, deve entrar em jogo o bom e velho diálogo. É por meio dele que os dois irão unir os planos (tornando-os um só) e acertar o que é ou não agradável e saudável para o relacionamento. É bom lembrar, entretanto, que os dois terão que se revezar no cedimento: um cede em uma coisa, outro cede em outra, e vice-versa. (Mc 10,8 ; Ef 5,22-33)

Advirto, porém, que os dois têm que ter bom senso tanto para ceder quanto para pedir que o outro ceda. Do contrário, o risco de um querer impor sua vontade sobre o outro é muito grande. Exemplo: conversar com um ex. Deve-se ponderar se a pessoa é seu amigo (a) ou se tem outras intenções, o nível das conversas (a intimidade, a libertinagem), os cumprimentos, etc. Depois de pesar cada item, aí sim se decide se isso vai ou não, de alguma forma, interferir na relação de vocês. Parece uma chatice, mas esses pormenores são muito importantes e ajudarão no crescimento do relacionamento. Porque, no geral, essas pequenas coisas vão passando, acumulando e, quando nos damos conta, estamos em crise.

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No que diz respeito às amizades, no entanto, algumas coisas do relacionamento amoroso não se aplicam. Entre elas, a questão do relacionar-se com outras pessoas. Afinal, diferentemente de namorar, que só podemos com uma pessoa, nós podemos ter quantos amigos quisermos. Você não pode impedir seu amigo de ter outros, achando que ele é exclusivo seu. Nem, muito menos, ditar com quem ele vai namorar — o que é muito comum entre as mulheres. É claro que devemos orientá-los, mas não caia na tentação de guiar na escolha de acordo com os seus gostos. Lembre-se de que é a felicidade do outro que está em jogo e, muitas vezes, o que é bom para você não é bom para ele. Portanto, oriente com isenção, embora pareça difícil. (1Jo 4,18 )

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Por fim, gostaria de lembrar das ações de Jesus Cristo. Olhando atentamente os evangelhos, iremos notar que Ele nunca impôs sua vontade sobre ninguém. Perceba que o Senhor sempre convidava seus discípulos ou ouvintes a uma atitude, a partir de uma reflexão. Era nessas reflexões que Cristo mostrava, sem nada omitir, porque deveriam seguir o caminho de Deus e quais as consequências do seguimento. (Mc 8,34-35 ; Mt 8,19-20) Veja que Deus poderia muito bem nos obrigar a fazer o que Ele quer, mas não o faz. O Senhor prefere que nos acheguemos até Ele por conta própria. (Jr21,8 ; Dt 30,19-20) Se Deus nos deixa a vontade para escolhermos, quem somos nós para obrigar o outro a fazer o que queremos? (1Cor13,1-13)

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O passado já passou




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Todos nós somos suscetíveis ao erro, não há novidade nenhuma nisso. Entretanto, parece que agimos como se só o outro o fosse. Digo isso, porque insistimos em enfatizar o que o próximo faz de errado. E mais que isso, mesmo quando o irmão já se redimiu e não vive mais a realidade do pecado, continuamos a relembrar o seu passado. (Lc 6,43-49)Tal atitude, além de ser uma tolice, é uma ação que vai contra os ensinamentos de Cristo. Logo, tal comportamento não condiz com a espiritualidade do ser cristão. (Lc 17,1-4 ; Tg 1,26 ; Mc 2,17)

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Jesus nunca quis saber do passado de ninguém. Ele nunca se interessou pelo que os que o procuravam tinham. Pelo contrário, curava-os (físico e espiritualmente) e dizia-lhes para que fossem e não mais pecassem. (Jo 8,1-11 ; ) Aqueles que decidiam segui-lo nunca escutaram o Senhor falando de seus erros às outras pessoas e nem à eles mesmos. Quando ressuscitou, por exemplo, Jesus não foi dando sermão nos apóstolos porque eles o haviam abandonado e nem “passou na cara deles” o que Ele havia feito nas suas vidas e eles o haviam largado para morrer na cruz. Inversamente, Cristo desejou-lhes a paz (porque sabia que estavam se sentindo inseguros e perdidos, sem Ele) e enviou-lhes para a missão. (Lc 24,36-51 ; Jo 20,19-31)

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Muitos de nós, por outro lado, costumamos apontar os passos errantes do outro. Numa atitude, inclusive, de incredulidade. Incredulidade, sim! Porque deixamos de acreditar na mudança de vida do irmão, esquecendo, inclusive, de que nós também podemos errar. (Rm 14,7-13 ; Mt 7,1-5 ; Jo 7,24) Recordo-me de da conversão de Paulo (antes Saulo de Tarso), que era um perseguidor da Igreja temido por todos os cristãos. Depois de conhecer o Senhor e querer dedicar sua vida a Deus, Paulo foi alvo de severos comentários desconfiados. Os cristãos custaram a acreditar que ele havia, de fato, se convertido. E veja em que Paulo se transformou: o responsável por expandir a Igreja no mundo. (At 9,10-29)

Paulo, pela graça de Deus, não desistiu mesmo em meio às desconfianças e julgamentos dos outros cristãos. Mas nem todos os recém-convertidos são iguais a ele. Quando entramos na Igreja o que queremos é ser bem acolhidos. Geralmente, buscamos o amor de Deus que não encontramos no mundo, buscamos um amor de pai, de mãe, de irmãos... Se a casa de Deus não for o lugar onde somos bem recebidos, me pergunto aonde seremos? Cristo Jesus chamou doze pecadores para serem seus apóstolos e depositou confiança neles. Foi por conta disso que eles renderam frutos ao Reino de Deus: sentiram-se acolhidos e confiáveis.
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Não estou, com essa reflexão, dizendo que temos de ser coniventes com o pecado. De forma alguma! Precisamos é sermos acolhedores no ato de corrigir o irmão. (Cl 4,6 ; Dt 22,4 ; 2 Tm 2,24-26) Não é simplesmente o ato de apontar, temos que indicar o caminho que ele deve seguir para não errar mais. Não interessa o que o outro fez, o mais importante é o que ele pode fazer pelo Reino de Deus. Não acreditar que o outro possa mudar, é o mesmo que não crer que você mesmo tenha mudado, afinal, não existe diferença entre você e o seu irmão. Somos filhos do mesmo Pai e todos já andamos errantes e poderemos voltar a errar a qualquer momento. (Cl 3,12-17)
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